PRINCIPAIS AMEAÇAS

Lince-ibérico a correr num campo

®ICNF / Pedro Sarmento

Perda de habitat e fragmentação da paisagem, mortalidade por causas não naturais (principalmente o atropelamento), regressão do coelho-bravo, patologias e veneno são as ameaças que afetam o lince-ibérico.


Perda de habitat e fragmentação da paisagem

O lince-ibérico seleciona habitats heterogéneos onde manchas de matagal alternam com áreas de pastagem e foi claramente prejudicado com a alocação deste tipo de habitats para áreas de intensa produção florestal, essencialmente para a produção de eucaliptos. Neste tipo de plantações o coberto de formações arbustivas é extremamente escasso e não permite a presença de coelho-bravo em densidades adequadas, o que afeta negativamente o lince-ibérico.

Os incêndios florestais, que anualmente devastam consideráveis áreas da Península, são também um fator que tem vindo a contribuir para a regressão do lince-ibérico. Ao mesmo tempo, a construção de infraestruturas, como estradas e barragens, contribui para isolar as populações e introduzir importantes fatores de mortalidade, como os atropelamentos.


Mortalidade por causas não naturais

A informação disponível indica que a principal causa de mortalidade tem origem na atividade humana, incidindo ou de forma involuntária, como os atropelamentos, ou de forma intencional, mesmo que atuando por via indireta, como sejam o uso de técnicas ilegais de controlo de predadores, uso de venenos ou, por via direta, o abate ilegal.

Com a crescente sensibilização e educação acerca da importância de salvaguardar as populações de lince-ibérico, regista-se uma diminuição acentuada do número de exemplares encontrados mortos por causas intencionais, sendo porém de destacar as mortes por atropelamento, com relevância para as que ocorrem nas vias asfaltadas, como sendo atualmente a principal causa de mortalidade não natural.

Lince atropelado

Projeto LIFE Lince Andaluzia (2006/2011)


Regressão do coelho-bravo

Na Península Ibérica as populações de coelho-bravo têm vindo a sofrer um declínio muito pronunciado, durante as últimas cinco décadas. No final dos anos 50 (séc. XX), a mixomatose entrou na Península e rapidamente se espalhou, provocando um declínio populacional que reduziu as populações para menos de 5%. No final da década de 80, uma nova patologia, denominada Doença Hemorrágica Viral (DHV), voltou a provocar um dramático declínio do coelho-bravo. Ao mesmo tempo, mudanças no uso do solo acabaram por tornar as populações extremamente vulneráveis e a sua recuperação surge bastante problemática. 

Desde 2013, uma nova estirpe do vírus da Doença Hemorrágica Viral (DHV) tem provocado surtos de mortalidade nas populações de coelho-bravo em Portugal.

Coelho-bravo
Coelho-bravo - Cristina Girão Vieira

 

Patologias

A reduzida variabilidade genética das pequenas populações isoladas de lince-ibérico faz com que este seja bastante vulnerável a doenças. Patologias como a leucemia felina, toxoplasmose e a tuberculose bovina constituem sérias ameaças à sobrevivência das suas populações.

 

Vamos falar de veneno