No dia 5 de março, Biznaga pariu 4 crias resultantes do seu emparelhamento com Fado - um macho de 4 anos de idade nascido em cativeiro, filho de Aura e Árcex - na caixa-ninho exterior da sua instalação. Ao contrário dos 2 anos anteriores, esta fêmea de 8 anos de idade teve o seu parto de forma normal, mostrando todos os comportamentos pré-parto indicativos de uma preparação adequada e não abandonando a sua ninhada até ao dia de hoje. Aos 65 dias de gestação, e curiosamente na mesma data em que pariu o ano passado, Biznaga pariu as 4 crias em 1 hora e 20 minutos, tendo-se dedicado de forma extremosa à sua ninhada.
Nas duas temporadas anteriores, Biznaga havia mostrado inexperiência e confusão na altura do parto, o que a levou a não mostrar os comportamentos corretos, resultando em abandono das suas ninhadas. Após o processo de cria mista do ano passado – um processo iniciado em El Acebuche e La Olivilla e aplicado e desenvolvido em Silves – parece ter-se evoluído na recuperação desta fêmea fundadora. Janes e Juromenha, suas filhas e as primeiras crias nascidas em Silves a atingir o ano de idade, mamaram colostro nas primeiras horas de vida, o que poderá ter sido crucial para a sua sobrevivência (ver notícia no portal "Programa de Conservación Ex-situ del Lince Ibérico"). Foram criadas artificialmente exclusivamente por humanos até ao dia 49 de idade, após o que começaram a passar períodos cada vez mais longos de tempo no passeio entre os seus pais.
Num processo muito intenso para a equipa do CNRLI, que começou pela permanência 24 horas por dia na instalação da Biznaga a partir do 71º dia de vida, Janes e Juromenha foram unidas à sua mãe com sucesso. Não só Biznaga aceitou as suas crias como parece ter reconhecido ambas como suas filhas, e tomou mesmo a iniciativa de ensinar ambas a caçar. Ao ser disponibilizada presa à mãe e suas filhas, Biznaga apenas incapacitava a presa, treinando as suas filhas a dar o golpe mortal. Enquanto foram incapazes de matar a presa de forma independente, a Biznaga aplicou o golpe fatal e permitiu que as crias se alimentassem primeiro. Biznaga foi também observada a espantar a presa de forma a que as suas crias detetassem o seu movimento, elemento fundamental para o desenvolvimento das técnicas de caça.
Este processo de cria mista parece, até ao momento, ter resultado na recuperação e aplicação correta do instinto maternal. Faltará saber se Biznaga é capaz de manter comportamento maternal atual, e como reagirá ao período de lutas entre as suas 4 crias.