OS NOMES DOS LINCES - A ESCOLHA DE MÉRTOLA

Todos os anos, após a época de parição dos linces, na primavera, são atribuídos nomes às novas crias nascidas nos quatro centros de reprodução em cativeiro da Península ibérica. A escolha de nomes segue uma lógica de a cada ano corresponder uma letra do alfabeto e é realizada conjuntamente entre parceiros de Espanha e Portugal de forma a não existirem repetições.

Os nomes baseiam-se em nomes de localidades, vegetação ou outros elementos não humanos.

Os exemplares nascidos em 2014 seguem a letra “L” e, muitos deles, serão reintroduzidos em Portugal e em Espanha durante 2015. Em Portugal, decidiu-se abrir aos residentes do concelho de Mértola uma votação que incluía nomes de localidades da região e nomes baseados em elementos naturais ou simbólicos.

Entre escolas, juntas de freguesia e outras entidades, os nomes que reuniram maior consenso foram Lua, Liberdade e Luso. O nome Lua foi entretanto atribuído a um exemplar que ficará em território espanhol. Assim ficaram eleitos os outros dois nomes e a próxima fêmea a libertar em 4 de março de 2015 no cercado de adaptação da herdade das Romeiras, em S. João dos Caldeireiros, será denominada LIBERDADE. Este nome poderá simbolizar a passagem do animal em cativeiro a uma vida na natureza onde, se tudo correr como previsto, estabelecerá o seu território e integrará um núcleo fundador da população selvagem de lince-ibérico em Mértola. Seguir-se-á a solta de um macho a nomear como LUSO, denominação também identitária para o território português.

Os animais entretanto já libertados são já subadultos que nasceram no ano 2013 e aos quais foram atribuídos nomes iniciados por K e inspirados em crioulo africano. Kayakweru, por exemplo, significa “a nossa casa” ou “a casa de todos”, levando consigo o desejo e os esforços dos profissionais dos centros de reprodução em cativeiro e do processo de reintrodução, no sentido de que o Guadiana também se torne a casa do lince-ibérico, partilhada com outros elementos do ecossistema natural e também com as populações humanas aí residentes.