SOLTA PÚBLICA DE 2018

2018-02-27

Realiza-se no próximo dia 1 de março a libertação pública de dois linces ibéricos, no âmbito do processo de reintrodução da espécie em Portugal. Os animais, um macho e uma fêmea, oriundos do Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro, em Silves, serão libertados na Herdade da Sobreira, concelho de Serpa, e integrar-se-ão na população selvagem da espécie no Vale do Guadiana.

A libertação ocorrerá pela primeira vez fora do concelho de Mértola, o que se deve ao novo contexto de distribuição da espécie, que conta com uma das fêmeas territoriais reprodutoras no concelho de Serpa. Esta zona situa-se próximo do Pulo do Lobo, coração do Parque Natural do Vale do Guadiana, zona de matagais e onde se pratica uma gestão agro-silvo-pastoril e cinegética adequada ao fomento de coelho-bravo e à conservação de espécies selvagens.

É libertada a fêmea Odelouca, nascida em março de 2017, assim denominada em referência à ribeira algarvia e à barragem com o mesmo nome, cujos impactes ambientais deram origem às medidas de sobrecompensação para a espécie.

Entre tais medidas, por decisão da Comissão Europeia, contou-se a construção, finalizada em 2009, do Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro de Lince-Ibérico (CNRLI) em Vale Fuzeiros, no concelho de Silves. Graças a um programa de reprodução em cativeiro transnacional e com sucesso, é hoje possível ter animais aptos para reintrodução em Portugal e em Espanha.

Odelouca é filha de Era e integra a primeira ninhada desta fêmea em oito anos de cativeiro. Ouriço é o nome do macho, também nascido no CNRLI, com menos de um ano de idade e com ascendência genética de Hermes e Fresa.

Odelouca e Ouriço são os quarto e quinto exemplares reintroduzidos no Vale do Guadiana, no decurso desta quarta temporada de libertações. No âmbito da libertação será apresentado um ponto de situação sobre o projeto “Recuperação da Distribuição Histórica do Lince-Ibérico (Lynx pardinus) em Espanha e Portugal (LIFE+ 10/NAT/ES/000570 - Iberlince). Entretanto, a monitorização do ICNF veio confirmar que o número de fêmeas reprodutoras territoriais, um dos indicadores de sucesso da reintrodução, é atualmente, no Vale do Guadiana, de pelo menos, seis fêmeas de lince prenhes, que deverão ter crias durante o próximo mês.

Para esta libertação foram convidados os parceiros do Plano de Ação para a Conservação do Lince-Ibérico em Portugal (PACLIP), bem como as autarquias locais, nomeadamente a Câmara Municipal de Serpa e as escolas desse município. Foram também convidadas Associações de Agricultores, Organizações do Sector Cinegético, entre as quais as entidades gestoras de Zonas de Caça próximas da área de reintrodução e proprietários.

A Zona de Caça Turística da Herdade da Sobreira acolhe público e linces num evento simples em que, em tranquilidade serão libertados os dois exemplares referidos. Esta entidade integra a área de reintrodução da espécie no PNVG, onde se salienta a existência de acordos de colaboração neste âmbito, numa extensão de cerca de 20 mil hectares.

O lince-ibérico é um dos felinos selvagens mais ameaçados do mundo, um dos predadores carismáticos, tal como nos lembram as Nações Unidas, que estabeleceram o próximo dia 3 de março como Dia Mundial da Vida Selvagem e o dedicam este ano aos Grandes Felinos, de forma a dar-lhes visibilidade e garantir que estarão entre nós nas gerações vindouras.

A reintrodução é um processo de restabelecimento de uma população selvagem autónoma e que é levado a cabo a médio e longo prazo, garantindo um reforço populacional e uma diversidade genética adequados

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